quinta-feira, 29 de janeiro de 2015

Estacionamentos oferecem sombra e energia solar

Uma ideia criativa implantada em algumas cidades dos Estados Unidos pode resolver o problema de quem estaciona seu carro no sol e, ao mesmo tempo, gerar mais energia para o país. No Brasil esse tipo de instalação teria um rendimento muito maior, por conta do nosso clima tropical.
De acordo com uma pesquisa realizada pelo Laboratório Nacional de Lawrence, em Berkeley, a maioria das cidades dos Estados Unidos possui de 35% a 50% de pavimento construído. Deste índice, cerca de 40% está em estacionamentos. A grande quantidade de asfalto e concreto absorve a energia do sol e gera o efeito “ilha de calor urbano”, em que o centro das cidades fica mais quente que as áreas ao redor.
Dependendo do tamanho da estrutura dos painéis solares, é possível gerar uma grande quantidade de energia. Num local que possui 280000 metros quadrados de área, por exemplo, o estacionamento solar pode produzir até 8 megawatts de energia, o suficiente para abastecer mil casas. Um benefícios em relação à energia é que os painéis também possuem uma estética diferente e moderna, além de evitar que os motoristas voltem aos seus carros quentes depois de passar horas num shopping ou em um evento no verão. A Agência de Proteção Ambiental e o Departamento de Energia dos Estados Unidos afirmam que estacionar na sombra contribui significativamente para a economia de combustível do veículo, já que, no calor, o sistema gasta mais para arrefecer o carro com o ar condicionado.
Apesar de todas as vantagens, os estacionamentos solares ainda não são muito comuns. O alto custo das instalações tem sido determinante para que muitos empresários deixem de lado a inovação. “Esse é o tipo mais caro de sistema para construir. Exige muito mais engenharia, mais aço, mais trabalho e gera uma porcentagem relativamente pequena de energia solar. Mas está crescendo, e o custo para instalar uma cobertura solar hoje é menor do que o custo para instalar um telhado alguns anos atrás”, afirmou Chaise Weir, da empresa TruSolar, em entrevista ao jornal The Washington Post.
Por enquanto, os estacionamentos solares são populares apenas entre as grandes empresas, que podem pagar os custos elevados de instalação e usam a novidade como um diferencial em seus ambientes corporativos. O hotel de luxo The Phoenician, localizado no Arizona, também adotou a ideia. O projeto foi lançado no dia 14 de janeiro e conta com 2 mil painéis solares que geram cerca de 600 quilowatts/hora de energia.
O estádio FedEx Field, em Washington, abriga uma das coberturas solares mais famosas do país. Em apenas três meses, mais de 8 mil painéis foram instalados cobrindo 841 vagas de estacionamento. A estrutura é suficiente para suprir 20% da energia que o estádio precisa em dias de jogo e, quando não há eventos, o painel solar supre toda a energia necessária no local.
Para Laurence Mackler, fundador da empresa Solaire Generation, que constrói as garagens solares, muitos empresários ainda não instalaram os painéis em suas instituições por causa da falta de incentivos financeiros.
A conclusão de Laurence foi reafirmada por um relatório de pesquisa de mercado divulgado em 2014 pela empresa GTM Research. De acordo com o documento, os estacionamentos solares estão surgindo principalmente no Arizona, Nova Jersey, Massachusetts, Nova York e Califórnia, Estados que oferecem um leque de incentivos financeiros do governo para apoiar o seu desenvolvimento. “Como os projetos de garagem são mais caros, eles têm uma dependência maior dos incentivos estaduais”, confirmou Scott Moskowitz, co-autor do relatório e analista de energia solar da GTM Research. A expectativa dos empresários é de que os custos de instalação comecem a cair e, em breve, o mercado de painéis solares deve se espalhar pelos Estados Unidos, diminuindo o calor dos motoristas e gerando mais energia nas cidades.

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